Symposium Bolota: o futuro de um alimento com passado
No passado dia 22 de Março de 2015 umas dezenas de pessoas deslocaram-se à Herdade do Freixo do Meio, em Montemor-o-Novo para ouvirem falar da bolota e da importância que esta pode ter na alimentação dos homens – e não apenas na dos animais.
Quando o proprietário da Herdade do Freixo do Meios, Alfredo Cunhal Sendim, decidiu organizar o symposium Bolota: o futuro de um alimento com passado sabia que iria conseguir reunir algumas pessoas interessadas no tema, mas não imaginava que iria aparecer umas dezenas que já trabalha a bolota em produtos diferentes, nomeadamente as broas de bolota e mel, as tortas de bolota, os licores de Bolota, os bolinhos e bolachas, as tartelletes de bolota e leite condensado e os bombons de bolota com chocolate. Para além dos produtos desenvolvidos na própria Herdade, ou seja, o café de bolota, que já é comercializado, os biscoitos em forma de bolota, a recém criada bebida fria de bolota ou os hambúrgueres, croquetes e enchidos feitos com bolota.
Á primeira vista parecia um encontro descontraído de pessoas interessadas no tema, mas na realidade, foi o culminar de um longo trabalho iniciado no momento em que Alfredo Cunhal Sendim, que conseguiu recuperar o antigo sistema tradicional do montado da região na herdade do Freixo do Meio, olhou para as bolotas das azinheiras e dos sobreiros, que não estavam a ser aproveitadas, e pensou que fazia todo o sentido aproveitar um recurso destes.
A parceria com a Escola Superior de Biotecnologia da U. Católica do Porto foi fundamental, uma vez que, esta estudou as características nutricionais e funcionais da bolota e chegou a conclusões surpreendentes, designadamente que é rica em fibras e proteína, com um perfil de lípidos semelhante ao do azeite e sem glúten (o que a torna particularmente interessante para os doentes celíacos), a bolota revelou-se ainda muito rica em compostos antioxidantes. Com a participação do Instituto de Biologia Molecular e Celular da Universidade do Porto foi estudado o ácido clorogénico, em que a bolota também é rica, no tratamento de doenças neurológicas degenerativas.
E se isto tudo for um sucesso? Haverá em Portugal quantidade suficiente de bolota para responder a uma eventual procura? Alfredo Cunhal Sendim não tem dúvidas que há, e cita um estudo preliminar realizado por Miguel Sottomayor da Católica do Porto, e apresentado também no symposium, onde os dados mostram que 55% das bolotas que existem em Portugal, sobretudo nas regiões do Norte e do Alentejo, são desperdiçadas. Estima-se que o potencial económico ronde os 13,3 milhões de euros. Assim, deve-se continuar a trabalhar para que a bolota recupere em Portugal a importância que teve no passado.
Podem ler mais sobre o evento no site do jornal português - Publico.
Photos by Lúcia Amador